Saturday 23 July 2016

6 anos de au pair living-in! :o


Todos me perguntam: como voce consegue morar e trabalhar por tanto tempo para a mesma familia? Eu nunca havia parado para analisar essa questao com atencao. Alguns me dizem: Como voce eh acomodada! Outros falam: Nossa, essa familia deve ser muito legal. Ja outros dizem: Voce eh uma Monja, ou super submissa.
Eu digo que eh um pouco de cada coisa, se visto com olhos de realidade. Mas, como eu crio minha propria realidade, eu digo que eh puro exercicio de Tolerancia, exercido por ambas as partes.
Ha um tempo atras, conversando com uma vizinha, tambem au pair, disse ela: Nuss essa minha hostess nao se toca, ela pensa que eu sou a mae dos filhos dela e que portanto tenho que ficar com eles 24h por dia. Tenho trauma de fim de semana, porque sei que ela vai bater na minha porta e pedir pra eu trabalhar. Pior, de graca, ou pior ainda, vai me chamar para ir com eles para a casa da avo,e eu, como nao sei dizer nao, irei e ficarei la com cara de paisagem, me sentindo a pessoa mais infeliz do mundo, por ser tao otaria.
Respondi: Eu sei bem o que eh isso, pois meus dois primeiros anos aqui foram assim. Ela me interrompeu e com um tom de muita indignacao, disse: DOIS ANOS! Meu Deus, nao sei se irei aguentar os seis meses que me comprometi, quem dira dois anos!
Eu dei risada e conclui: a diferenca entre eu e voce, eh que quando minha estima, tentava baixar e fazer de mim uma pessoa infeliz, o meu ego logo vinha me dizer o milagre que eu estava vivendo, de finalmente estar fora do Brasil, algo que eu sempre quis mas, nao sabia se algum dia seria verdade.

Mas, agora eh verdade, e eu posso estar em meio aos Irlandeses, aprender essa cultura tao diferente e ao mesmo tempo similar a nossa, posso melhorar o meu ouvir ao escutar a conversa entre eles. Eu enchergava alegria em minha hostess, em poder me introduzir a sua cultura, e nao me sentia mal por ela nao me pagar extra por isso.
E naturalmente eu fui me ambientando, fazendo amizades e aos poucos fui me distanciando da familia e criando meu proprio nucleo. Levou dois anos, e dai? Nao me apego ha tempo. Me preocupo mais com o que sinto e transmito.
O meu terceiro ano foi o mais complicado para mim, porque eu deixei a energia de pessoas mundanas entrar em minha vida e passei a enchergar tudo com olhos de realidade. Percebi que nao importa o tamanho do meu amor por essas criancas, elas nao sao minhas, e mesmo eu sendo melhor educacionalmente falando, para elas, elas sempre irao copier  e preferir a mae. Quanto aos pais, tudo o que eu fazia, ate entao, por altruismo, virou obrigacao, e nada mais era novidade, tudo era dever.
Revoltei-me. Parei de fazer as coisas com alegria, ate que parei de faze-las por completo. Pasei a beber com as “amigas” para ser aceita no grupo. Tambem estava super chateada com a minha mae, que nunca vinha me visitar, entao, tomei um porre de tequila que me deixou inconsciente. Descobri que nenhuma das amigas que eu acreditava ter, eram amigas de verdade. Elas nao foram me socorrer. Fui deixada na porta de casa pelas meninas que estavam tao bebadas quanto eu. E recebi todo o cuidade do mundo dos meus hostesses.
Percebi que a minha fantasia eh mais segura que qualquer realidade que tentam me empurrar a todo custo. Ainda colhi os frutos da realidade em que me joguei durante o quarto ano. Cai na conversa fiada do irmao da minha chefe, que se dizia apaixonado por mim, eh claro que a familia nao aceitou. Ate as criancas, que a principio,  nao tinham preconceito com o relacionamento, passaram a ter vergonha de mim e do tio. Depois de quatro meses, ele terminou comigo por Skype. Eu  nao disse nada, apenas, tentei seguir em frente como se nada tivesse acontecido.
Minha hostess, de certo que tem suas curiosidades. Ela me acha esquisita, julga minha religiosidade e meu jeito de ser e ver o mundo. Mas, eu renasci para Deus e para o Universo. Eu sou esquisita aos olhos humanos. Eu sou eu, unica e incomparavel.
Apos esse dircurso, minha colega au pair ficou, literalmente de queixo caido. Mas, ela me compreendeu.  Estavamos almocando, eu havia preparado o mais novo prato predileto das criancas. Arroz servido com refogado de carne moida, abobrinha, cenoura, tomate e batata, tudo cortado em cubos, sal, pimento, alho e cebola, nao podedem faltar. Um cadin de agua so pra amaciar os vegetais e pronto. Um ovo frito no topo do prato pra finalizar, e bom apetite.
Minha hostess morre de nojo dessa mistureba de comida e fica indignada de ver as filhas lambendo os pratos. Mas, isso eh uma outra estoria.

2 comments:

Adriana Xavier said...

Essa é a Juliana que ei conheço, guerreira.

Adriana Xavier said...

Essa é a Juliana que ei conheço, guerreira.