Todos me perguntam: como voce consegue morar e trabalhar por
tanto tempo para a mesma familia? Eu nunca havia parado para analisar essa questao com
atencao. Alguns me dizem: Como voce eh acomodada! Outros falam: Nossa, essa familia deve ser muito legal. Ja
outros dizem: Voce eh uma Monja, ou super submissa.
Eu digo que eh um pouco de cada coisa, se visto com olhos de
realidade. Mas, como eu crio minha propria realidade, eu digo que eh puro
exercicio de Tolerancia, exercido por ambas as partes.
Ha um tempo atras, conversando com uma vizinha, tambem au
pair, disse ela: Nuss essa minha hostess nao se toca, ela pensa que eu sou a
mae dos filhos dela e que portanto tenho que ficar com eles 24h por dia. Tenho
trauma de fim de semana, porque sei que ela vai bater na minha porta e pedir
pra eu trabalhar. Pior, de graca, ou pior ainda, vai me chamar para ir com eles
para a casa da avo,e eu, como nao sei dizer nao, irei e ficarei la com cara de
paisagem, me sentindo a pessoa mais infeliz do mundo, por ser tao otaria.
Respondi: Eu sei bem o que eh isso, pois meus dois primeiros
anos aqui foram assim. Ela me interrompeu e com um tom de muita indignacao,
disse: DOIS ANOS! Meu Deus, nao sei se irei aguentar os seis meses que me
comprometi, quem dira dois anos!
Eu dei risada e conclui: a diferenca entre eu e voce, eh que
quando minha estima, tentava baixar e fazer de mim uma pessoa infeliz, o meu
ego logo vinha me dizer o milagre que eu estava vivendo, de finalmente estar
fora do Brasil, algo que eu sempre quis mas, nao sabia se algum dia seria
verdade.
Mas, agora eh verdade, e eu posso estar em meio aos Irlandeses, aprender essa cultura tao diferente e ao mesmo tempo similar a nossa, posso melhorar o meu ouvir ao escutar a conversa entre eles. Eu enchergava alegria em minha hostess, em poder me introduzir a sua cultura, e nao me sentia mal por ela nao me pagar extra por isso.
Mas, agora eh verdade, e eu posso estar em meio aos Irlandeses, aprender essa cultura tao diferente e ao mesmo tempo similar a nossa, posso melhorar o meu ouvir ao escutar a conversa entre eles. Eu enchergava alegria em minha hostess, em poder me introduzir a sua cultura, e nao me sentia mal por ela nao me pagar extra por isso.
E naturalmente eu fui me ambientando, fazendo amizades e aos
poucos fui me distanciando da familia e criando meu proprio nucleo. Levou dois
anos, e dai? Nao me apego ha tempo. Me preocupo mais com o que sinto e
transmito.
O meu terceiro ano foi o mais complicado para mim, porque
eu deixei a energia de pessoas mundanas entrar em minha vida e passei a
enchergar tudo com olhos de realidade. Percebi que nao importa o tamanho do meu
amor por essas criancas, elas nao sao minhas, e mesmo eu sendo melhor
educacionalmente falando, para elas, elas sempre irao copier e preferir a mae. Quanto aos pais, tudo o que
eu fazia, ate entao, por altruismo, virou obrigacao, e nada mais era novidade,
tudo era dever.
Revoltei-me. Parei de fazer as coisas com alegria, ate que
parei de faze-las por completo. Pasei a beber com as “amigas” para ser aceita
no grupo. Tambem estava super chateada com a minha mae, que nunca vinha me
visitar, entao, tomei um porre de tequila que me deixou inconsciente. Descobri
que nenhuma das amigas que eu acreditava ter, eram amigas de verdade. Elas nao
foram me socorrer. Fui deixada na porta de casa pelas meninas que estavam tao
bebadas quanto eu. E recebi todo o cuidade do mundo dos meus hostesses.
Percebi que a minha fantasia eh mais segura que qualquer
realidade que tentam me empurrar a todo custo. Ainda colhi os frutos da
realidade em que me joguei durante o quarto ano. Cai na conversa fiada do irmao
da minha chefe, que se dizia apaixonado por mim, eh claro que a familia nao
aceitou. Ate as criancas, que a principio, nao tinham preconceito com o relacionamento,
passaram a ter vergonha de mim e do tio. Depois de quatro meses, ele terminou
comigo por Skype. Eu nao disse nada,
apenas, tentei seguir em frente como se nada tivesse acontecido.
Minha hostess, de certo que tem suas curiosidades. Ela me
acha esquisita, julga minha religiosidade e meu jeito de ser e ver o mundo.
Mas, eu renasci para Deus e para o Universo. Eu sou esquisita aos olhos
humanos. Eu sou eu, unica e incomparavel.
Apos esse dircurso, minha colega au pair ficou, literalmente
de queixo caido. Mas, ela me compreendeu. Estavamos almocando, eu havia preparado o mais
novo prato predileto das criancas. Arroz servido com refogado de carne moida,
abobrinha, cenoura, tomate e batata, tudo cortado em cubos, sal, pimento, alho
e cebola, nao podedem faltar. Um cadin de agua so pra amaciar os vegetais e
pronto. Um ovo frito no topo do prato pra finalizar, e bom apetite.
Minha hostess morre de nojo dessa mistureba de comida e fica indignada de ver as filhas lambendo os pratos. Mas, isso eh uma outra estoria.
Minha hostess morre de nojo dessa mistureba de comida e fica indignada de ver as filhas lambendo os pratos. Mas, isso eh uma outra estoria.
2 comments:
Essa é a Juliana que ei conheço, guerreira.
Essa é a Juliana que ei conheço, guerreira.
Post a Comment