Thursday 11 February 2010

Voltando pra casa

Voltei pra Campinas e só pude me manter financeiramente por um tempo porque juntei dinheiro em Cabreuva, se o Colonial tivesse feito acordo comigo eu teria direito ao seguro desemprego, que me ajudaria por mais tempo. Minha irmã Deborah estava trabalhando e disse pra eu tentar fazer o meu nome na gastronomia que ela segurava as contas da casa, eu me lancei como personal chef a idéia é cozinhar e ensinar a cozinhar. Tive alguns clientes, mas nada que garantisse meu sustento. A Deborah saiu do emprego, o dinheiro acabou e minha energia também, só não caí em depressão profunda porque minha mãe estava cuidando da Tizz.

A Beatriz é a filha da Neide, desde que ela nasceu minha mãe cuidou dela e eu quando voltei pra casa cuidei junto, troquei fraldas, coloquei pra dormir, preparei papinhas e mamadeiras, dei banho e aprendi a amar como nunca amei antes. A Tizz aprendeu a andar conosco, dos meus braços ela ia para os braços da minha mãe.
Minha mãe fazia frango a passarinho temperado com limão, alho, sal, pimenta do reino e salsa, passava na farinha de trigo com uma pitadinha de fermento em pó e fritava em imersão em óleo aquecido a 180ºc e a gente assistia Discovery Kids e comia o frango, e dançava ao som dos Gun’s... No primeiro aniversário dela eu fiz um bolo de rolo sem rolo, cobri com Marshmallow e calda de goiaba e fiz Bicho de pé, um docinho feito com leite condensado, gelatina de morango ou cereja e creme de leite, ela se divertiu bastante... A Tizz foi minha força pra continuar de pé.
Fiz algumas entrevistas, mas nada consegui. No final do ano eu briguei com o Ni e minha amiga Karol veio ficar comigo, comemos e bebemos bastante, fizemos as unhas e fomos juntas pra Itu, acabei voltando com o Bruno.
O ano virou e recebi a terrível notícia... A Karol, minha amada amiga Tabajapa, teve um AVC, com apenas 21 anos, eu fiquei desnorteada, fui na mesma hora pra Itu e foi muito triste ver minha amiga toda torta em cima daquela maca de hospital, sem conseguir falar.

O Roberto, chefe de recepção me chamou de volta, só por um mês até achar outra pessoa para substituir a Karol e eu aceitei, pois eu poderia ficar perto da minha amiga e ganhar dinheiro. Um mês virou dois, a Vera precisava de ajuda com a auditoria no escritório e me chamou, por fim fiquei um ano morando e trabalhando no hotel Colonial, sem registro.

A Karol ficou bem, voltou a falar. Nós malhamos na academia ao longo do ano e agora no fim de 2009 ela voltou a trabalhar e eu não via mais sentido em continuar nessa situação, então voltei pra Campinas. Estou novamente parada e sem dinheiro, pois o hotel me pagou uma quantia questionável que mal pagou as contas. Processar? Sim, eu posso e pego um bom dinheiro. Mas, eu com esse meu amor intenso que se torna ridículo, pois chega a me prejudicar, não tenho coragem de o fazer. Eu adquiri uma amizade, um carinho tão grande pela Vera, que não me permite fazer justiça a meu favor.

Eu também tenho muito carinho pelo Roberto e tenho certeza de que ele, também tem carinho por mim, afinal não é qualquer chefe que prepara uma lasanha do jeitinho que você gosta, sem presunto e com molho branco e vermelho, e te convida pra jantar na casa dele, né!

Agora a Carla que me surpreendeu, eu morava no hotel e passava uma fome danada, pois eu gastava em média doze reais por almoço no restaurante, então eu só comia no almoço. No começo eu ainda conseguia comer marmita, eu pagava oito reais e dividia em duas partes, comia metade na hora e a outra parte no dia seguinte, mas só de lembrar me embrulha o estômago, por tanto não agüentei isso por muito tempo.

A Carla vendia trufas de chocolate, uma vez eu comprei uma e ela trouxe junto com a trufa uma marmita, ela ficou morrendo de vergonha de me dar a marmita, ficou com medo de me magoar, mas eu nem liguei, pelo contrario fiquei tão feliz que enquanto eu comia eu ria e chorava, porque quantas pessoas você conhece que tem tamanha sensibilidade e bondade?
Eu cheguei no refeitório dizendo: “Galera olha a nova promoção da Carla, compre uma trufa e ganhe uma marmita!”. A galera foi em peso reinvindicar da Carla marmitas por trufas e ela começou a fornecer marmita pra gente, por um precinho camarada.
Uma vez eu fiquei gripada e ela ficou preocupada comigo, no fim do dia ela levou uma canja de galinha e um leite com canela, pra eu tomar. Que Deus a abençoe muito, a Carla merece toda a prosperidade do mundo!

Frango a passarinho



Bicho de pé

Momentos

Em Itu eu vivi momentos inesquecíveis, como o dia que a Ro noticiou sua gravidez e o nosso grupinho a abraçou e comemoramos muito, ou no aniversário da própria Roseane, que levamos um bolo Pullman e comemoramos na sala de aula, só nós eu, Karol, Pitty, Ro e Andréia, ou o aniversário da Karol que eu e a Ro fizemos coxinha de galinha, nós cozinhamos os peitos de frango na água temperada com caldo de galinha, sal, curry e pimenta do reino, depois desfiamos a carne e descartamos a carcaça. Juntamos farinha de trigo ao caldo e mexemos vigorosamente até formar a massa. Juntamos ao frango desfiado, milho, salsa picada, tomate concasse picado e um copo de requeijão. Espalmamos um punha de massa recheamos e modelamos em forma de coxas, passamos na farinha de trigo, depois no ovo ligeiramente batido e depois na farinha de rosca e fritamos em imersão no óleo aquecido a 180ºc. Fizemos brigadeiro e levamos para a aula de bolos, colocamos uma vela num dos bolos e cantamos parabéns pra Karol. A professora não gostou da festinha surpresa que fizemos, mas... Que se dani!

Teve também o dia que saí no intervalo e fiquei na praça com o Bruno, esquecemos da hora e voltamos correndo, pois já havia soado o sinal, a janela da minha sala era pra rua e quando passávamos por ela o professor estava fazendo a chamada e disse o meu nome e eu respondi da rua: “Presente!”. O professor foi à janela e disse: “Gracinha! Entra agora ou coloco falta pra você!”.

O casamento da Ro com o Tchuck também ficou na memória, pois o repertório foi todo a base do Raggae e ela estava linda, parecia um anjo. Depois, os comes e bebes na casa da Ro. Um dia fizemos sonhos de doce de leite e creme de confeiteiro, no outro panquecas, fondue de chocolate, fora os vários churrascos e sessões de DVD’s.

Mas, como nem tudo é um mar de rosas... Eu fiz uma entrevista num hotel de Cabreuva, que meu amigo havia indicado, eu fiquei na dúvida porque apesar de não ser na minha área, eu estava num lugar que me agradava, embora eu estivesse bem cansada de trabalhar no Colonial, eu me sentia segura lá.
Eu pedi pro Colonial fazer um acordo comigo, já que eles estavam fazendo acordo com outros funcionários, mas eles se recusaram e eu fui forçada a pedir a conta.
Nessa fase eu morava no apartamento com as meninas, mas nossa relação não estava mais legal, pois elas me exploravam, eu arrumava, eu cozinhava e chegava cansada em casa e minha cama estava abarrotada de coisas delas, pra finalizar com chave de ouro elas quase quebraram a minha televisão, então resolvi ir embora e fui morar na hospedaria do Hotel de Cabreuva.
Lá eu era assistente da gerencia de alimentos e bebidas junto com o Marcos, nós dois recém formados em Gastronomia, estávamos com gás total, elaboramos um portifólio de melhorias para a cozinha que era um nojo, com ralo aberto e tudo de mais nojento que se possa imaginar e treinamento pra brigada que era tão nojenta quanto. Mas, quando apresentamos o nosso projeto aos proprietários eles disseram: “Vocês estão aqui pra repor buffet e nada mais!”. Isso acabou com nossa auto-estima, passados os três meses de experiência saímos de lá e foi a melhor coisa que nos aconteceu, pois foram os três meses mais longos e tortuosos de nossas vidas.
Coxinha de galinha

Karol

A Karol é a minha amiga de Itu mais chegada. Lembro me que uma vez fomos na casa do Welder e eu fiz um Feijão preto gordo com bacon e calabresa, cozinhei o feijão com duas folhas de louro na pressão por meia hora, fritei o bacon, a calabresa, o alho e a cebola e juntei com o feijão, temperei com sal e cominho, servi com arroz branco, couve refogada e farofa de ovos, comemos muito, bebemos bastante e depois ficamos na janela paquerando os rapazes que passavam na rua. Aliás, fazíamos isso sempre da janela da Faculdade, a gente mexia com os rapazes que ficavam no pátio e quando eles olhavam a gente se escondia... Duas retardadas!

A karol encolhia os braços e amarrava as mangas da Dolman e saía se debatendo pelo corredor como se fosse uma louca no hospício, uma vez na sala de aula eu olhei pra ela e ela deu um sorriso, ela estava com um pedaço de papel pintado de preto colado no dente, eu caí na risada, quando o professor chegou perto e ela sorriu pra ele... Palhaça!
Outra vez que ri muito com a Karol, foi no dia que ela pegou a hortaliça levantou alto e disse: “Professor, o que eu faço com a couve?”. O professor respondeu: “A couve é pra você cortar e refogar, agora o que você vai fazer com esse repolho eu não sei!”. Meu, foi hilário.

Comecei a trabalhar no Hotel Itu Colonial, como eu estava recebendo seguro pedi pra não ser registrada, trabalhei por dois meses e a gerente resolveu me dispensar do dia pra noite, só porque uma outra menina que antes era recepcionista, depois passou a assistente administrativa, não sabia o que realmente queria. Saí de lá fiz uns estágios, passei por um outro hotel de Itu, que só tem fachada, eu sinceramente não como lá nem de graça!

Depois de quase um ano, eu estava andando na rua e encontrei o Roberto, um recepcionista que treinei antes de sair do Hotel, ele me disse que estava como chefe de recepção e me chamou de volta. Como eu tava numa dureza doida, resolvi aceitar. A gerente saiu entrou a Vera no lugar dela. O hotel precisava de outra recepcionista, então indiquei a Karol. Trabalhamos juntas por quase um ano. Nesse meio tempo resolvemos tirar carta de motorista. Logo na primeira aula de direção eu vi que a Karol se interessaria pelo instrutor, dito e feito, eles namoram até hoje!
É claro que um dia antes da prova eu dei um pitit básico, chorei fiz uma cena típica de Juju nos ombros do pobre Bruno, no dia seguinte foi fazer a prova e.... Passei!

Peguei a carta e disse pro Bruno me deixar dirigir até a casa da Karol, só que eu precisava fazer uma curva e confundi os pedais... Puxa vida, por que três pedais se eu só tenho dois pés? É claro que eu ia me confundir! Então acelerei quando devia frear, mas tive reflexo e fiz a curva, cantando pneu, mas fiz. O Bruno ficou muito bravo, me mandou parar o carro, disse que eu havia comprado a carta, que eu não sabia dirigir, que nunca mais me deixaria tocar no volante do carro dele, blá, blá, blá, blá, blá, blá! Ou seja, tenho trauma e não dirijo até hoje.

Feijão gordo

Wednesday 10 February 2010

Pensão

Eu cheguei na pensão e fiquei num quarto quádruplo. Havia três meninas que eu somente aturava, graças a Deus elas saíram do quarto e entrou uma garota mais velha a Erica, um amor de menina.

O único quarto duplo e com varanda vagou e a essas alturas eu já era amiga da Dri a dona da pensão, então eu e a Erica mudamos de acomodação. Erica e eu não ficamos amigas, mas nos dávamos muito bem, ela trabalhava muito, saía cedo e chegava tarde, muitas vezes passava o dia sem comer, então eu preparava um copo de leite, ela tomava e desmaiava na cama. Às vezes ela tinha energia pra me contar histórias bíblicas. A Erica casou-se e eu fiquei sozinha no quarto.

Eu ajudava a Dri na arrumação da casa, ela tinha uma filha e uma cachorra que eu a ajudava a cuidar, eu dividia minha cesta básica com ela e a gente dividia tudo. A Dri gostava muito do meu tempero, eu fazia creme de milho com filé de frango, sardinha empanada com mandioca frita, mas o que ela mais gostava era do meu bife de fígado que eu temperava com limão, sal, alho e pimenta do reino fritava no óleo bem quente, adicionava as rodelas de cebola e a deixava pegar bem o fundo do fígado e servia com arroz, feijão preto, purê de babatas e almeirão refogado. Tivemos bons momentos juntas, lembro-me das caminhadas pelo centro, das vezes que o Ramires (namorado da Dri) me levava pra dirigir, dos passeios com a Menininha (a cachorra), das várias noites que a Menininha dormiu no meu quarto comigo, dos brigadeiros que eu fazia pra Camila (a filha), do aniversário da Camila que organizei com Bolas, docinhos, sanduichinhos, bolo da Hello Kitty, dos bolos de chocolate que eu fazia para as dezessete meninas que moravam lá conosco e das paneladas de pipoca regadas a sessões de DVD’s, só filmes de terror... Detesto... Mas, era divertido!

Mas, como amizade de um lado so nao eh amizade, decidi sair da pensao, logo que me toquei que estava sendo explorada.
Bife de fígado acebolado

Friday 5 February 2010

Eu não perdi! Só não sabia onde tava!

O Bruno me pediu em namoro e me deu uma aliança. A primeira vez que a perdi foi dentro da geladeira da pensão onde eu morava, eu peguei o hambúrguer do congelador e a aliança escapuliu sem que eu notasse. Fui à praça da Matriz com o Bruno, aonde sempre vamos para namorar e ele percebeu que eu estava sem a aliança, eu estava certa de que a havia perdido no ralo do tanque de roupas. No dia seguinte a Dri, dona da pensão a achou no congelador e perguntou: “É simpatia?”.
A segunda vez que perdi a aliança foi no circo, eu estava aplaudindo quando ela pulou do meu dedo, deu trabalho pro Ni (apelido carinhoso que dei pro Bruno) achar.
Agora a terceira vez foi a mais grotesca. A turma da faculdade foi para uma visita técnica no Mercado Municipal de São Paulo, após a visita a galera foi liberada pra fazer compras na vinte e cinco e eu aproveitei pra ir na casa da minha irmã Dani.

Chegando lá a Dani disse: “Que cabelo horroroso! Vá já tomar um banho que farei uma escova”. Então eu tirei a minha aliança com todo o cuidado, tirei a roupa, tomei banho, me arrumei e fui fazer a bendita escova. Fiquei linda com os cabelos mega lisos. Almocei o bife a role que a moça que morava com a Dani havia feito, ela temperou os bifes com sal e pimenta do reino e colocou as fatias de bacon e de cenoura no meio. Enrolou e prendeu com um palito. Em uma panela de pressão fritou os bifes, todos juntos, virando de vez em quando. Fritou em seguida a cebola. Acrescentou o purê de tomate, a manjerona, o sal e a pimenta. Colocou água e deixou cozinhar por 30 minutos. Serviu com Arroz.

Dei falta da aliança, procurei, mas estava me atrasando pra voltar ao Mercado, e voltei triste porque o Ni ia brigar comigo, pois eu já havia perdido a aliança outras vezes e isso parece descaso. Cheguei atrasada, todos já estavam no ônibus e contei a minha triste história, um tempo depois senti algo me incomodar na bunda, coloquei a mão por dentro da calça e adivinha? Era a aliança, podes crer! Eu enfiei a aliança... na bunda!

Paguei vários micos no namoro, o primeiro foi que perdi meu RG na Anzu Club e o pobre do Ni, teve que ir buscar o documento na hora do seu almoço. É o amor!
Fora os tropeços básicos, uma vez levei um tombo histórico na frente da igreja.
Outra vez estávamos namorando na praça da Facul e resolvemos ir até o mercado, na volta eu disse: “Perdi meu RGM (carteira da faucul)!”. Então, voltamos ao mercado. Eu dei o meu pitit básico, pois não achamos o documento. Quando voltamos pra praça meu RGM estava caído bem pertinho do banco onde namorávamos antes de ir ao mercado.

Mas, o pior de todos os micos que já paguei foi o com o meu cartão do Banco. Cismei que havia perdido o cartão no Banco e fiz o Ni ir até lá comigo e procurar em cada cantinho, depois teimei que o cartão estava no carro, fiz o Bruno tirar os tapetes, levantar os bancos por duas, três vezes. Cheguei em casa e revirei minha carteira, olhei cada cantinho dela, liguei chorando pra minha mãe, fiz ela cancelar meu cartão, no dia seguinte solicitei outro cartão... Uns meses depois, eu estava em Campinas, fui comprar um fogão pra minha mãe, na hora de pagar, peguei um cartão que custou a sair da carteira, e ele não foi aceito, estava bloqueado, eu saí da loja virada no cão, fui seca no Banco, na porta do Banco resolvi olhar dentro da carteira e o cartão novo estava lá, ou seja, nunca perdi cartão nenhum , ele sempre esteve na carteira, que coisa!
Bife a role

Wednesday 3 February 2010

Desentendimentos

A primeira professora da faculdade que tive uma desavença foi a Morgana, eu percebia o descaso dela para comigo, resolvi então estudar muito e tirei dez na prova dela, então ela disse: “Só uma aluna ai tirou dez!”. Eu respondi em voz alta: “Uma aluna não eu tenho nome e é Juliana!”.
Depois teve um outro professor que só falava das viagens dele pelo mundo e matéria que é bom, nada! Na prova eu respondi todas as questões e escrevi no verso: “Se fosse pra eu responder aqui o que o professor ensinou, entregaria a prova em branco, não o fiz, porque sou uma boa aluna e sei as respostas de todas as questões, pois tivemos a mesma matéria no semestre anterior, por tanto seria injusto tirar zero”. Quando ele entregou as provas ele me chamou e perguntou: “Menina, você é muito irresponsável, sabia que esse papel é um documento, e o que você escreveu aqui pode me prejudicar?”. Eu fiz uma cara bem irônica e respondi: “Jura!”. Dei-lhe as costas e saí andando.

Agora a Vampira foi a pior. Ela tinha implicância porque meu grupo era um tanto quanto alegre, nós brincávamos e criávamos receitas. Uma vez criamos um bolinho feito com o bagaço do milho triturado para fazer creme de milho. Juntamos farinha de trigo, ovo e sal. Modelamos os bolinhos e fritamos, ficou delicioso. Eu percebia um ar de despeito da parte dela, mas ela não falava nada, então tava tudo certo. Ela não provava nossas preparações, então passei a fazer um pratinho à parte especialmente pra ela. Ela tirava dúvidas de todos menos as minhas. Teve uma aula de bolos que ela deu a receita errada do bolo floresta negra, ela ensinou a receita de padaria e não a tradicional de pão preto e cerejas pretas frescas, ela se quer sabia o que era bolo Sacher, então a questionei, acho que por esse motivo ela não se importava com minhas dúvidas.

Teve uma aula que o meu grupo ficou responsável pelo pastelinho. Numa tigela, misturamos a farinha, o fermento e o sal. Juntamos a metade da banha e misturamos bem. Adicionamos o ovo, a banha restante, a água e misturamos com as mãos até obter uma massa homogênea. Cobrimos e deixamos descansar por uma hora em temperatura ambiente. Aquecemos o forno em temperatura média. Abrimos a massa e forramos as formas. Recheamos com o doce de leite e assamos. Retiramos e polvilhamos com canela. Durante a aula nós brincamos bastante, como sempre, e fomos beliscando o que íamos fazendo, conforme os pastelinhos iam ficando prontos fomos distribuindo entra a galera, inclusive pra professora que entrou na brincadeira, no fim da aula fomos embora e ainda levamos pastelinhos pra casa.

No semestre seguinte eu estava desempregada, então ocupava meu tempo ajudando na implantação dos novos laboratórios e também nas oficinas que os professores ministravam a tarde, ajudei a Vampira em vários desses eventos, inclusive cheguei a estar certa que o mal estar entre nós já havia passado, aliás, achei até que não passava de fantasia da minha cabeça. Eis que seis meses se passaram e o meu grupo foi chamado na coordenação, a coordenadora disse que estávamos lá por conta do dia dos pastelinhos, que não tínhamos o direito de fazer o que fizemos e que por muito menos pessoas vão parar na prisão, eu perguntei pra Vampira: “Por que esperou tanto tempo, eu te ajudei por um semestre inteiro, precisava chegar a esse ponto?”. Ela disse que não tinha conseguido pegar o grupo junto, uma víbora!
Pastelinho

Continua...

Consultei um advogado, estávamos com a faca e o queijo na mão para processar a faculdade e as Megeras (Coordenadora e Vampira), elas não podiam ter feito o que fizeram, pois nós comprávamos os insumos e se quiséssemos jogar tudo na privada e dar descarga, nós podíamos porque não havia cláusula no contrato que apontasse o contrario. Mas, o Welder era policial e ele chegou a se ajoelhar implorando para não fazermos isso, pois o prejudicaria junto à corporação. Esse sapo eu tive que engolir a seco!

Na prova de Confeitaria a Vampira passou uma sobremesa que tiro de letra, porque minha mãe a fazia muito pra vender e eu a ajudava.

Era o Bolo de rolo: Bata o açúcar juntamente com a manteiga até obter um creme bem claro. Acrescente as gemas, uma a uma, sempre batendo a cada adição. Retire da batedeira e envolva a farinha de trigo previamente peneirada, combinando tudo delicadamente para obter uma massa leve. Com um garfo, amasse a goiabada, transfira para uma frigideira com água ou vinho branco e deixe o doce derreter em fogo baixo. Reserve em lugar aquecido. Unte com manteiga e polvilhe de farinha de trigo três assadeiras. Com o auxílio de uma espátula, espalhe uniformemente em cada assadeira, seis colheres da massa (uma em cada canto e duas no meio), tomando como medida a colher de servir arroz. A camada de massa deve ficar bem fina. Leve ao forno pré aquecido, uma assadeira por vez, por mais ou menos10 minutos. A massa não deve ficar corada.

Toque com o dedo e se estiver firme retire do forno e vire sobre um guardanapo polvilhado com o açúcar cristal. Recorte as beiradas, espalhe um pouco da goiabada derretida sobre o bolo e com o auxílio do guardanapo, enrole pela largura como um rocambole bem apertadinho. Reserve. Proceda da mesma forma com a 2ª assadeira. Depois de retirar do forno, vire sobre o guardanapo e recorte as beiradas, espalhe a goiabada e polvilhe o queijo ralado, encoste o começo do bolo onde termina o 1ª rocambole e enrole, um por cima do outro. Repita a operação até terminar a massa usando as mesmas assadeira, lavadas e untadas novamente. Quando colocar a última camada ,enrole no guardanapo e deixe reservado por cerca de umas duas horas ou até o bolo ficar completamente frio. Transfira para um prato de serviço, polvilhe mais açúcar e sirva cortando em fatias finas.
Ela ficou boquiaberta de ver a perfeição do meu bolo de rolo.

Na prova de montagem de mesa, então coitada, mal sabia ela que aprendi a montar mesas para vários tipos de refeições, tudo com o Maitre do Mercure, eu manjo muito de montagens de mesa! Ela bem que tentou me pegar, mas não conseguiu!
O TCC do meu grupo, cujo tema era "Implantação de uma doçaria na Fazenda Pirai", foi o trabalho melhor elaborado, segundo todos os outros professores, inclusive segundo os outros alunos, fizemos até Furrundum, doce histórico feito com mamão, açúcar mascavo e coco ralado, para dar no final da apresentação, elaboramos rotulagem das embalagens, uniformes, cardápios, fomos além do proposto pela banca, ninguem gaguejou ou leu durante a apresentação estávamos todos bem vestidos com roupa social e no entanto a Vampira deu nota três, nota três! O que fez a nossa média cair pra seis... Cascavel, jararaca, coisa ruim!!!

Na ultima semana de aula a galera dos puxa sacos chegou na sala dizendo: “Galera já foram escolhidos os professores paraninfo, professor homenageado e patrono. Nós estamos recolhendo de vocês cinco reais para comprar o presente pra Vampira a professora homenageada". Eu levantei na hora e disse: “Como assim? Quem escolheu?" Eles responderam: “Nós. Os alunos que irão colar grau!”. Eu perguntei brava: "Quando?” Eles responderam: “No final da ultima aula de enologia”. Eu disse: “Mas eu fiquei até o fim e não vi votação nenhuma!”. Eles disseram: “Só quem vai colar grau que pode votar!”. Eu respondi muito brava e em voz bem alta: “E quem não vai colar grau não pode votar, mas tem que colaborar com dinheiro pra comprar presente pra professor homenageado que eles não escolheram. Saibam que eu vou colar grau e sou totalmente contra a escolha de vocês e não vou comprar presente pra professor FDP nenhum que nunca me ajudou, pelo contrario tudo que pode fazer pra tentar me prejudicar, fez!”.

Então a galera resolveu fazer uma outra votação e a Vampira não foi escolhida pra nada. No final da aula ela me chamou na cozinha fria e começou a me Vampirizar, sugar minha energia, disse um monte de asneiras e eu tive que me concentrar pra não desmaiar, ,mas,  quando ela disse: “O nosso mundo é pequeno, menina!”. Então, respondi: “Pequeno e dá voltas!”. E só ai que recuperei minhas energias e completei: “Você nunca me deu a atenção que dava para os outros, deu uma nota baixa pro meu TCC, quando nós sabemos que foi o melhor grupo da turma, você armou aquela presepada pro meu grupo, quase fomos expulsos, pelo simples prazer de humilhar e agora vem me falar de ética e moral, me poupe! Valeu pela conversa”. Saí da cozinha cambaleando, de fato, ela sugou minhas energias!
Bolo de Rolo

Gastronomia

Na faculdade, como sempre, demorei um pouco a fazer amizades. A primeira pessoa com a qual conversei foi a Gijão, nós precisávamos de um lugar pra ficar de sexta pra sábado porque teríamos aulas nas manhãs de sábado. Conversamos com a Karol que nos cedeu a sala de sua casa e então, ficamos amigas. Logo fizemos amizade com a Andréa, Ro e Ana que apelidei de Pitty, pois ela tinha o cabelo vermelho igual o da cantora.

De sexta a Gijão, eu, a Karol e a Jó (irmã da Karol) íamos a Anzu Club, chegávamos as seis da manhã na casa da Karol e as sete e meia já estávamos na faculdade, depois eu pegava o ônibus das vinte para as duas e ia trabalhar, chegava em casa onze e meia, meia noite, isso quando eu ia pra casa, porque na maioria das vezes eu ficava direto no hotel trabalhando até as duas, três da manhã. Todas as noites, no intervalo tomávamos cerveja, todas as noites sem exceção. Até o dia que o professor colocou dez reais na minha mão e disse: “Vão, vão tomar cerveja no bar e me deixa dar a minha aula em paz!”. Eu até fui pro bar, mas decidi parar com essa vida ali mesmo.

O primeiro grande trabalho da Facul foi o Inter o meu grupo teve que pesquisar a história e os pratos típicos de Santana do Parnaíba, seguido o roteiro dos Bandeirantes. Eu adoro fazer trabalhos, pesquisas, falar em público (apenas quando tenho know-how do que estou falando). Então, somente eu e a Vanessa outra integrante do grupo, tivemos o interesse de ir até a cidade, nós conhecemos o local, conversamos com os moradores, descobrimos que lá tem um carnaval muito divertido, que há mais de um século a mesma família produz uma cachaça especial e a serve no carnaval de graça aos foliões. Aprendemos a receita do doce de laranja de umbigo, que somente uma das moradoras da cidade sabe fazer e ela nos deu a honra de nos mostrar o passo a passo que eu não colocarei aqui. Descobrimos, também, que até hoje eles têm o costume de comer Iça, uma espécie de formiga que tem a parte traseira grande, eles a fritam e comem, graças a Deus não estava em época de chuva, que é quando elas saem das tocas, se não teríamos que provar a iguaria! Mas eles garantem que é mais gostoso que amendoim.

Vanessa e eu elaboramos todo o trabalho, o cardápio, a apresentação, os slides, tudo. Preparamos as comidas, ensinei como manter tudo aquecido na temperatura ideal, a Van cuidou de preparar os pratos, a Gijão, que como sempre estava mal vestida ficou responsável por trazer me os pratos e eu os servia e fazia a apresentação. O nosso trabalho estava lindo, era inovador, pois nenhum dos outros grupos esquematizou como nós, os pratos foram servidos no sabor e na temperatura ideal, porém logo que eu servi a sobremesa, entrei correndo para tomar um copo de água, quando eu voltei a Gijão havia entrado no auditório e estava retirando os pratos, eu entrei, finalizei o trabalho enquanto ela fazia a trapalhada típica dela, e na hora da nota os professores deram dez, mas pela péssima aparência da Gijão perdemos dois pontos e ficamos com oito. Eu quis matar a Gijão!
Farofa de Iça

Continua...

A Gijão deu vários outros furos, até que chegou a hora do TCC (trabalho de conclusão de curso) Então, meu grupo a chamou de canto e dissemos que não faríamos com ela, ela desistiu da faculdade e nunca mais deu notícias.
O nosso trabalho seria a implantação de um Restaurante na Fazenda Pirai, uma fazenda antiga e histórica da cidade. Como o nosso grupo ficou pequeno, nos juntamos com o grupo da Andréia que ia fazer uma implantação de uma doçaria histórica no centro de Itu, uma vez que em meados do século XVIII Itu foi conhecida como a capital dos doces. Então o trabalho passou a ser “Implantação de uma doçaria na fazenda Pirai”.

Enquanto elaborávamos o TCC, tivemos que fazer um outro trabalho para a matéria de eventos. A turma era dividida em duas a A dos riquinhos puxa saco e a B dos pobres revolucionários. A turma A teve que organizar um evento pra turma B e vice-versa.

O tema era “A Roça”. A turma A fez um coquetel, ridículo pobre e imoral. Nós não, Andréia e eu tomamos a frente e elaboramos um jantar, como eu já estava tendo problemas com uma professora que irei chamar aqui de Vampira, eu fiz questão de fazer o melhor trabalho.
Elaboramos convites, as bordas simulavam retalhos de tecidos, o slogan era “O que a roça tem? Tem comida com sustança dessas de encher a pança!” Entregamos para todos os alunos do lado A, para os professores e pra coordenação. Eu fiz questão de entregar pessoalmente o da Vampira, ela virou os olhos e me olhou com desprezo e eu retribui com um lindo sorriso!

Eu cheguei pela manhã na facul e já comecei a preparar o banquete, desossei as sobrecoxas e temperei com laranja, pimenta do reino, sal, vinho branco e bouquet garni de alho porro, salsa, cebolinha, sálvia, alecrim e manjerona. Depois, temperei as bistecas suínas com limão, alho, pimenta do reino, sal e vinho branco. A galera chegou e coloquei uma parte pra fazer o arroz e o purê de mandioquinha, outra parte fez o feijão e a couve. Assei o frango, fritei as bistecas e o torresmo, a Ro fez os sucos de limão e de milho.

A Andréia chegou com o restante do pessoal e a decoração, nós decoramos o salão com feno na entrada, um cavalinho de madeira, um boneco de retalho e jornal que chamamos de Zé, montamos também na entrada uma mesinha com xícaras de café e objetos antigos, que no final de tudo colocamos café feito na hora e sequilhos.
Nas mesas colocamos toalha xadrez, mini cuscuz de sardinha que a Ro fez antecipadamente e os talheres e taças. Montamos o buffet com os rechauds e outra mesa com as sobremesas doces de leite, abóbora, mamão e queijo minas, decoramos o buffet com uma bela cara de boi.

A Andréia foi a Maitre e eu fui a Chef de cozinha e nós fomos perfeitas com nossas equipes. A Vampira saiu de cabeça baixa antes mesmo do cafezinho e a professora de eventos se retorceu em elogios, todos comeram muito, depois o grupo B comeu muito também.
Sobrecoxa


Bisteca suína