Thursday 11 February 2010

Voltando pra casa

Voltei pra Campinas e só pude me manter financeiramente por um tempo porque juntei dinheiro em Cabreuva, se o Colonial tivesse feito acordo comigo eu teria direito ao seguro desemprego, que me ajudaria por mais tempo. Minha irmã Deborah estava trabalhando e disse pra eu tentar fazer o meu nome na gastronomia que ela segurava as contas da casa, eu me lancei como personal chef a idéia é cozinhar e ensinar a cozinhar. Tive alguns clientes, mas nada que garantisse meu sustento. A Deborah saiu do emprego, o dinheiro acabou e minha energia também, só não caí em depressão profunda porque minha mãe estava cuidando da Tizz.

A Beatriz é a filha da Neide, desde que ela nasceu minha mãe cuidou dela e eu quando voltei pra casa cuidei junto, troquei fraldas, coloquei pra dormir, preparei papinhas e mamadeiras, dei banho e aprendi a amar como nunca amei antes. A Tizz aprendeu a andar conosco, dos meus braços ela ia para os braços da minha mãe.
Minha mãe fazia frango a passarinho temperado com limão, alho, sal, pimenta do reino e salsa, passava na farinha de trigo com uma pitadinha de fermento em pó e fritava em imersão em óleo aquecido a 180ºc e a gente assistia Discovery Kids e comia o frango, e dançava ao som dos Gun’s... No primeiro aniversário dela eu fiz um bolo de rolo sem rolo, cobri com Marshmallow e calda de goiaba e fiz Bicho de pé, um docinho feito com leite condensado, gelatina de morango ou cereja e creme de leite, ela se divertiu bastante... A Tizz foi minha força pra continuar de pé.
Fiz algumas entrevistas, mas nada consegui. No final do ano eu briguei com o Ni e minha amiga Karol veio ficar comigo, comemos e bebemos bastante, fizemos as unhas e fomos juntas pra Itu, acabei voltando com o Bruno.
O ano virou e recebi a terrível notícia... A Karol, minha amada amiga Tabajapa, teve um AVC, com apenas 21 anos, eu fiquei desnorteada, fui na mesma hora pra Itu e foi muito triste ver minha amiga toda torta em cima daquela maca de hospital, sem conseguir falar.

O Roberto, chefe de recepção me chamou de volta, só por um mês até achar outra pessoa para substituir a Karol e eu aceitei, pois eu poderia ficar perto da minha amiga e ganhar dinheiro. Um mês virou dois, a Vera precisava de ajuda com a auditoria no escritório e me chamou, por fim fiquei um ano morando e trabalhando no hotel Colonial, sem registro.

A Karol ficou bem, voltou a falar. Nós malhamos na academia ao longo do ano e agora no fim de 2009 ela voltou a trabalhar e eu não via mais sentido em continuar nessa situação, então voltei pra Campinas. Estou novamente parada e sem dinheiro, pois o hotel me pagou uma quantia questionável que mal pagou as contas. Processar? Sim, eu posso e pego um bom dinheiro. Mas, eu com esse meu amor intenso que se torna ridículo, pois chega a me prejudicar, não tenho coragem de o fazer. Eu adquiri uma amizade, um carinho tão grande pela Vera, que não me permite fazer justiça a meu favor.

Eu também tenho muito carinho pelo Roberto e tenho certeza de que ele, também tem carinho por mim, afinal não é qualquer chefe que prepara uma lasanha do jeitinho que você gosta, sem presunto e com molho branco e vermelho, e te convida pra jantar na casa dele, né!

Agora a Carla que me surpreendeu, eu morava no hotel e passava uma fome danada, pois eu gastava em média doze reais por almoço no restaurante, então eu só comia no almoço. No começo eu ainda conseguia comer marmita, eu pagava oito reais e dividia em duas partes, comia metade na hora e a outra parte no dia seguinte, mas só de lembrar me embrulha o estômago, por tanto não agüentei isso por muito tempo.

A Carla vendia trufas de chocolate, uma vez eu comprei uma e ela trouxe junto com a trufa uma marmita, ela ficou morrendo de vergonha de me dar a marmita, ficou com medo de me magoar, mas eu nem liguei, pelo contrario fiquei tão feliz que enquanto eu comia eu ria e chorava, porque quantas pessoas você conhece que tem tamanha sensibilidade e bondade?
Eu cheguei no refeitório dizendo: “Galera olha a nova promoção da Carla, compre uma trufa e ganhe uma marmita!”. A galera foi em peso reinvindicar da Carla marmitas por trufas e ela começou a fornecer marmita pra gente, por um precinho camarada.
Uma vez eu fiquei gripada e ela ficou preocupada comigo, no fim do dia ela levou uma canja de galinha e um leite com canela, pra eu tomar. Que Deus a abençoe muito, a Carla merece toda a prosperidade do mundo!

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