Tuesday 26 January 2010

Amor animal

O Dimi e a Bisa foram os nossos primeiros bichinhos de estimação a tia Mena que os trouxe para nós, dois gatos lindos. Eles mudaram conosco do Rio para Americana. O Dimi era rajado de cinza, branco e preto, tinha as patas brancas e a ponta do rabo também. Ele era o meu despertador, pois todos os dias ele chegava da farra exatamente as seis e meia da manhã. Miava na janela da sala, eu abria a porta ele entrava miando e correndo pra cozinha, eu ia atrás, colocava o leite para ele, detalhe: tinha que ser leite morno, porque frio ele mordia a minha canela! Eu voltava pra cama e ele vinha junto, ligava o motorzinho dele, ficava me afofando com as patas e depois se esparramava em cima de mim, ia me empurrando aos poucos até eu cair da cama.
A Bisa era uma gata anã, rajada de amarelo, branco e preto, era gulosa que só, adorava gelatina de uva e soltava cada pum fedido!

Meu primo achou uma cachorra na rua e levou em casa, nós a chamamos de Teca, a cachorra da minha amiga teve cria e eu peguei o Au-au. A Teca era amarela com as costas preta e bem peluda, o Au-au era todo preto, uma tranqueira, tomava cerveja como se fosse água!

A Bisa foi envenenada, teve uma morte triste, não gosto de lembrar, o Au-au era filhote e eu vi uma lágrima escorrer dos seus olhos. Na mudança para São Paulo, eu muito burra, abri a gaiola do Dimi para lhe fazer um afago e ele pirulitou-se. Voltamos por várias vezes em Americana para tentar encontrá-lo, mas nunca mais vi meu amigo Dimi.

Da Vila Prudente em São Paulo, fomos para o Tatuapé, morávamos numa casa enfestada de ratos, uma furada!
A Teca e o Au-au foram dois heróis, pois matavam uns dez por noite. Que fase difícil!
Não achávamos casa para alugar e precisávamos mudar com urgência, por conta da praga instalada. Achamos apenas um assobradado, onde não tinha espaço para os nossos bichinhos, então os levamos para Campinas, a Bete ex-mulher o meu tio estava morando na casa da minha avó, minha saudosa vó Maria deixou a casa para minha mãe, mas até então não precisávamos dela, então minha mãe deixou a Bete ficar lá em troca de cuidar dos cachorros. Lembro-me da carinha deles de tristeza, eles não entendiam o que estava acontecendo, eles só queriam continuar conosco... Mas, não podíamos, mais!

No assobradado ficou impossível continuar morando, porque abriram um Barzinho de Playboy no lugar do mercadinho que funcionava em baixo de casa. Eu acordava quatro e meia da manhã, saia pra trabalhar, emendava no inglês e depois no curso de hotelaria, chegava em casa as onze e meia, meia noite e só conseguia dormir as duas da manhã, por causa do barulho. Eu passava a noite planejando um massacre, eu pensei em bombardear o bar, em metralhar todo mundo, em colocar veneno na comida servida lá, não dava mais! Então, mudamos para um apartamento na quadra de cima. Mas, o aluguel era um absurdo e pra completar a Bete deixou os cachorros fugirem, então minha mãe falou pra ela desocupar a casa e fomos para Campinas.

Meu chefe o Ed me deu um cachorro era um Labrador tabajara, eu o chamei de Frederico, ele foi o companheiro da minha mãe nos dois primeiros meses de Campinas, pois eu ainda tive que ficar um tempo a mais no hotel que trabalhava, nessa fase eu morei com a Juçara. Minha mãe deu um baita ralo em Campinas, pois a casa estava num estado deplorável, o muro estava pintado de preto e todo pixado, a casa estava pixada, o banheiro todo quebrado. A gente não tinha dinheiro pra reforma, pedreiro e tudo mais, então muita coisa minha mãe fez sozinha. Ela preparava angu com água temperada, fubá e frango desfiado para ela e o Fred comer, eles comeram muito isso e as vezes, só isso. Contratamos um pedreiro que fez o telhado e o banheiro. Um ano depois, tudo pago pro cretino, ele ligou bêbado em casa dizendo que se não depositássemos mil reais na conta dele ele viria em casa pra pegar nossos pertences. Minha mãe disse: “Vem, vem que a polícia estará aqui pra te pegar, vagabundo!”. Ele nunca mais ligou.

O Frederico era a nossa alegria, ele aprontava muito, pegava meia, calcinha, sutiã, o que desse sopa, e enterrava no quintal. Uma vez fomos no mercado, era umas dez da noite quando voltamos, a porta da cozinha estava aberta, entramos com cuidado, pensamos que alguém tinha entrado em casa, matado o Fred roubado tudo e fugido, quando chegamos na sala o danado estava deitado no sofá de barriga pra cima, ascendemos às luzes e o pacote de cinco quilos de ração estava caído e pela metade. Foram quatro dias massageando a barriga do Fred até ele conseguir defecar tudo!
Infelizmente o Frederico pegou Cinomose e tivemos que sacrificá-lo. Ele estava cego e tendo muitas convulsões, um dia ele estava deitado no chão da cozinha, eu deitei do lado dele e perguntei: “Meu amor o que você quer que façamos?”. Olhei para a imagem da Desatadora dos nós e o vi voando junto com os anjos... Hoje esta é a morada dele.

Um tempo depois uma cachorrinha seguiu minha mãe por alguns dias, então minha mãe resolveu colocá-la pra dentro. A Bia é nosso xodó, chegou aqui, magra, triste, doentinha, amedrontada, esfomeada... Hoje é uma paxá, gorda, preguiçosa e descarada!

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