Jazz

Mamãe fazia docinhos, salgadinhos, bolos de aniversários e ovos de páscoa pra garantir as mensalidades da dança, e três vezes por semana eu, a Dani e a Dé íamos pro jazz. A Dani sempre foi a mais dedicada, a Dé ia a força e eu sempre fui a mais preguiçosa. Eu tinha, e modestia a parte, ainda tenho muita flexibilidade, por esse motivo eu era a queridinha da professora Gabi, a Dani com aquele gênio difícil dela batia de frente com a professora quase toda semana e entravam as duas em casa, no maior bate boca, pra mamãe tentar resolver a pendenga das duas da maneira mais imparcial possível, coitada de mamãe! Mas, ela sabia resolver bem a situação com bolinhos de chuva que preparava com farinha de trigo, um pouco de leite condensado, açúcar, um ovo, um fio de óleo, fermento em pó e água fervente, depois de fritos em óleo pré aquecido, ela os cobria com açúcar e canela. As duas logo faziam as pazes saboreando essa delícia!

Eu não gostava das aulas, mas quando eu subia no palco eu me realizava não havia nada e nem ninguém que me fizesse mais feliz do que aqueles momentos de glória. Teve um espetáculo em que eu fui a protagonista, nos bastidores eu pisei com tudo num caco de vidro e não deu tempo de tirar o caco do meu pé, calcei a sapatilha e voltei pro palco, foi a minha melhor performance, acho que por causa da dor, eu não pisava e sim flutuava!