Monday 25 January 2010

Van

A Vanessa é minha amada amiga, são treze anos de amizade pra valer, temos muita história juntas, eu precisaria de dois blogs pra escrever sobre tudo. Mas, o que ficou marcado foi o mau casamento dela, os garotos que ficamos, as gozações que fazíamos com as caras dos outros e o Bolo de brigadeiro.

Eu ia à casa da Van comer bolo de brigadeiro, ela fazia a massa de caixinha, comprava Moça fiesta de brigadeiro e granulado, assava a massa e montava o bolo. No dia seguinte eu fazia o bolo, com mais capricho, é claro! Eu juntava as farinhas (Farinha de trigo, açúcar, Nescau e fermento) acrescentava os ovos ligeiramente batidos, um terço de xícara de óleo e água fervente, untava e enfarinhava a forma, colocava a massa e levava ao forno pré-aquecido, depois de assado eu cortava o bolo ao meio molhava com calda de rum, recheava com brigadeiro que eu fazia com Nescau, leite condensado e manteiga, depois cobria com brigadeiro que eu adicionava um pouco de leite pra ficar menos consistente, ideal para cobertura, polvilhava o granulado, e estava pronto. Eu ligava pra Van e ela vinha comer o bolo que eu fazia pra nós duas. E assim era nossa amizade um dia na casa de uma outro dia na casa da outra, sempre cozinhando e comendo.

Na escola ninguém escapava dos nossos comentários, as vezes um tanto quanto maldosos. Tinha uma menina que sofreu nas nossas mãos. Um dia ela estava falando para as outras: "O meu namorado fica comigo até as dez, depois sai com os amigos dele!". Eu não me contive, peguei o caderno dela que tinha a foto do namorado estampada na capa, levantei e gritei pra Van que estava no fundo da sala: "Van olha o garoto que eu fico todas as noites depois que ele sai da casa da trouxa da namorada!". Coitada! Ela levou a sério porque começou a chifrar o pobre com Deus e o mundo!
No fim do ano uma das professoras deu um colar para cada um da sala e a mesma menina chegou para uma outra professora e disse: "Olha o colar que a Próf me deu!". Então, eu falei: "Ela devia ter te dado uma corda!" Todos olharam pra mim, e eu finalizei: "Pra você se enforcar!". Todos racharam de rir. Porque a verdade é que ninguém a suportava, mas só eu falava.

A Van e eu éramos safadinhas, não tinha uma vez que saíssemos que não ficássemos com algum garoto. Uma vez fomos no “Projeto Radial”, uma danceteria que tinha no bairro onde eu estava morando o Tatuapé, que só dava negão era um lugar escuro que a gente só enxergava alguém se a pessoa sorrisse e se tivesse dente!
Um cara, gatinho ficou olhando pra mim, eu disse pra Van: “Oba vou ficar com um pitel!”. Quando ele se aproximou e abriu a boca, eu não acreditei, o cara não tinha os dentes da frente, ele disse: “Que tal eu, você e sua amiga no matinho ali atrás?”. Eu falei: “Faltou o meu namorado na sua lista!”. Puxei a Van e fui para o outro lado do salão.
Dois garotos nos tiram pra dançar, e como no escuro todo o gato é pardo! Ficamos com os meninos. Quando o baile acabou que acenderam as luzes, Jesus! Eu e aVan ficamos sem saber o que fazer, pois os dois eram gêmeos e muito feios, um deles falou: “Ondié que ces mora?”. Eu respondi, assustada, decepcionada, envergonhada em voz baixa: “Longe! E vocês?”. O outro respondeu: “Nois é de Mauá!”. Eu e a Van demos um perdido nos caras e fomos embora.

Anderson é o nome do traste, todo mundo falava pra Van: “Não casa, ele é um traste!”, Mas, ela insistiu na besteira. Uns dias antes do casamento eu fui a casa dela, disse que se ela quisesse eu a raptava, mas não adiantou, então eu falei: “Se quer ter a minha amizade pra sempre, não tenha filhos com ele!”. E por amizade, ela não teve! Como o previsto, o casamento não durou um ano. O folgado ficava em casa, sentado no sofá, tomando cerveja e assistindo TV. Minha amiga trabalhava fora, chegava em casa tinha que arrumar tudo porque o vagabundo não fazia nada e tinha que contar com o pai dela pra pagar as contas. Ela enjoou de brincar de casinha e caiu fora! Amém!

No comments: