Friday 29 January 2010

Hóspedes inesquecíveis

No flat The Special tinha um morador que sempre puxava assunto comigo, o Ricardo Motta. Ele era produtor musical e volta e meia vinha com uma mala cheia de CD ‘s que ainda seriam lançados no mercado. Ele fazia questão que eu encolhesse os meus, depois ele liberava os outros recepcionistas pra fazerem suas escolhas. Um dia ele me deu uma blusa preta com lantejoulas, linda via-se que era roupa cara, então meu chefe abriu-me os olhos, ele me alertou ao fato do sr. Ricardo estar me cortejando. Meu estômago embrulhou na hora, porque ele era um homem de uns quarenta, bem cuidado, mas... Velho né! E eu gosto de garotões. Passei a fugir dele, até que ele se tocou e me deu paz!

A Dona Dorinha era uma senhorinha muito chata, ninguém gostava dela, só eu a atendia. Ela tinha medo do elevador, então eu a acompanhava. O motivo pelo qual eu a tratava tão bem? Nenhum! Eu só sou uma alma muito boa e caridosa!.... E ela sabia retribuir bem a minha dedicação. A cada viagem de elevador ela me dava uma gorjeta de cinqüenta reais!

No Noumi o Mr. Angel, Porto Riqueño, moreno, alto, lindo, maravilhoso! Nós conversávamos por horas a fio no período que fiquei no lugar do bar man cobrindo suas férias. Pena que ele não teve segundas intenções!

No Mercure o Mr. Leon jantava todas as noites o mesmo prato: Salmão ao molho Belle Meunière servido com salada caesar, o peixe era grelhado no azeite, Numa panela, dourava-se um pouco de manteiga, os champinhons, os camarões, as alcaparras, a salsa picada, o sal, a pimenta-do-reino, gotas de molho inglês, suco de limão. Acrescentava-se o vinho branco e deixava apurar por alguns minutos. Para a salada Caesar: croutons feitos com cubos de pão brevemente assados. As folhas de alface romana eram cortadas grosseiramente e colocadas numa travessa. O molho era feito com anchovas amassadas e misturadas com alho até ficar uma pasta. Depois adicionava-se a pimenta, o suco de limão, o molho inglês, a mostarda e a gema de ovo. Por último, o azeite. O sr Leon em uma de nossas conversas ofereceu-me sua casa, quando soube que eu tinha interesse de ir pro Canadá, deixou endereço e telefones pra contato, uma graça!

O sr. Edson me contava a vida dele inteira, uma vez obrigou-me a sentar ao seu lado, pois ele queria que eu visse as quinhentas fotos do filho dele, eu olhava pro maitre, ele fazia cara feia, mas não consegui evitar!

O sr Kae foi o mais hilário, ele era um alemão muito parecido com o Leonardo Di Caprio, que ficou no hotel por seis meses. No começo ele não falava muito bem o português, então ele apontou para o guardanapo e perguntou: “Como chama?”. Eu respondi: “Guardanapo!”. Ele disse: “Complicado”. Eu respondi rapidamente: “Não complicado é complicado, guardanapo é fácil!”. Ele fez cara de ué e eu caí na risada, então ele resolveu encarnar em mim, não podia me ver que tirava uma onda com a minha cara, ele se encantou comigo e me chamou pra sair umas três vezes, mas eu sempre fui muito profissional, até tive vontade de sair com ele, mas não o fiz.

No dia anterior de sua partida ele disse: “então minha querida, já arrumou as malas?”. Eu indaguei: “Por que eu as arrumaria?”. Ele disse: Para ir comigo para Alemanha”. Eu perguntei: “Fazer o que lá?”. Ele respondeu: “Lavar, passar, cozinhar e muito sexo!”. Eu disse: “Pois aqui eu não lavo, não passo, não cozinho e também, não faço sexo!”. Ele foi embora e ficou na memória!

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